Mosteiro da Serra do Pilar
Designação
editarO Mosteiro da Serra do Pilar, fundado no século XVI e localizado em Vila Nova de Gaia, é um dos mais icónicos monumentos de Portugal, não apenas pela sua singularidade arquitetônica presentes na sua igreja e claustro circulares, mas também pela sua relevância histórica e cultural. A designação oficial do Mosteiro da Serra do Pilar reflete a sua ligação histórica e espiritual com a Nossa Senhora do Pilar, a quem o mosteiro foi dedicado, assim o seu nome associa-se à devoção mariana e à localização geográfica do edifício. É possível que a referência a "Pilar" destaque a centralidade da proteção divina e o papel de Nossa Senhora como guardiã espiritual para a comunidade religiosa e os habitantes locais. Este foi outrora conhecido por Convento do Salvador do Porto, posteriormente por Convento de Santo Agostinho da Serra e também por Mosteiro do Salvador da Serra.
Localização
editarA localização do mosteiro, no alto da Serra do Pilar também sabida por serra dos Quebrantões, no local que chamavam de Monte da Meijoeira ou Monte de São Nicolau onde existia uma pequena ermida dedicada a São Nicolau, oferece uma vista panorâmica da cidade do Porto e do rio Douro, integrando a arquitetura à paisagem natural. Recuando no tempo, o local escolhido para a implementação do Mosteiro não poderia ter condições mais favoráveis, tendo próximo de si uma travessia do Douro e um vincado eixo viário Norte-Sul importante em Portugal. Tendo assim um enquadramento urbano e isolado.
Coordenadas
editar41° 08′ 18″ N, 8° 36′ 24″ O
Cronologia
editarO Mosteiro em estudo, para além da sua ocupação eclesiástica teve uma forte ocupação militar, oferecendo uma vasta e marcada cronologia. O contexto da fundação deste mosteiro pode ser explicado pela necessidade de reformar o Mosteiro de Grijó, localizado num lugar baixo e húmido, onde se assistia a certos vícios de relaxamento e abusos por parte dos religiosos pertencentes à Ordem Religiosa dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho do Convento de Santa Cruz de Coimbra, assim como outro dos motivos da edificação deste novo convento seria a necessidade de aproximar a atividade pastoral desta instituição para uma maior proximidade da população urbana. Em 1537 fundou-se o Mosteiro da Serra, por Frei Brás de Braga, sob a invocação do Salvador do Mundo, sendo feito neste ano o lançamento da primeira pedra do mosteiro, sob a direção de Frei Brás de Braga, na presença do Bispo do Porto D.Baltasar Limpo, e dos arquitetos Diogo de Castilho e João Ruão. Durante os séculos XVII e XVIII, serviu como um centro religioso e espiritual relevante. Contudo, no século XIX, a dissolução das ordens religiosas em Portugal, marcou o fim da sua função original. Posteriormente, foi adaptado para fins militares, desempenhando um papel crucial no Cerco do Porto, durante as Guerras Liberais. Ao longo do século XX, o mosteiro enfrentou períodos de abandono, mas também foi alvo de iniciativas de conservação, sendo classificado como Monumento Nacional em 1910 e, mais tarde, incluído na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO em 1996, como parte do Centro Histórico do Porto. Atualmente, funciona como um espaço cultural e turístico, representando a riqueza histórica, arquitetônica e espiritual da região.
Cronologia aprofundada
editar- 961: Fortificação militar do Monte da Meijoeira pelo Conde Gonçalo Moniz (Senhor de Entre-Douro-e-Mondego) e seus apaniguados numa atitude de autonomia face ao Rei de Leão, D. Sancho I.
- 1140: Pedro Rabaldio manda erigir um convento de monjas de invocação a São Nicolau, também designado por Donas Pregaretas de São Nicolau, Convento das Emparedadas de São Nicolau e ainda por Convento de Freiras Descalças de São Nicolau.
- 1500: Cerimónia de condução das imagens de São Nicolau, de São Bartolomeu e do Senhor Crucificado, existentes na igreja do extinto convento das Donas Pregaretas de São Nicolau, até à Capela do Senhor d' Além.
- 1537: Fundação do Mosteiro da Serra por Frei Brás de Braga, sob a invocação do Salvador do Mundo. Lançamento da 1ª pedra do mosteiro, sob a direção de D. Frei Brás de Braga, na presença do Bispo do Porto D. Baltasar Limpo. As obras estavam a cargo dos arquitetos Diogo de Castilho e João Ruão.
- 1540: Autorização papal oficializando a mudança do Mosteiro de Grijó para a serra de São Nicolau de Vila Nova.
- 1541: Os frades são aconselhados pelo Padre Geral de Santa Cruz de Coimbra a estabelecerem-se definitivamente no novo local, no prazo de um ano, facto este a que os crúzios de Grijó encaravam com relutância.
- 1542: Eleito D. Manuel como 1° prior do mosteiro da Serra do Pilar, abandonado, tendo-se já efetuado a mudança do Mosteiro de Grijó que terá ficado assim. Início da construção da igreja, claustro, coro, capítulo e refeitório.
- 1554: Frei Brás de Braga é destituído do cargo de reformador da Ordem.
- 1563: Regresso dos monges a Grijó. Entre 1563 e 1564 dá-se a separação definitiva do Mosteiro de São Salvador de Grijó, dividindo-se as rendas e bens.
- 1576: Início da construção do claustro do mosteiro.
- 1580: Instalação de António Prior do Crato no Mosteiro de Santo Agostinho da Serra, de onde bombardeou a cidade do Porto com disparos de artilharia durante três dias.
- 1583: Conclusão da obra do claustro do mosteiro.
- 1596: D. Acúrcio de Santo Agostinho é eleito Prior do Mosteiro.
- 1598.1599: Data provável do início da construção da nova igreja do mosteiro (a atual, de planta circular), sob a direção dos mestres de pedraria e arquitetos Gonçalo Vaz e Gregório Lourenço.
- 1599: Reunião do Capítulo Geral em Coimbra onde se decide atribuir o titulo e invocação de Santo Agostinho ao mosteiro abandonando-se a anterior invocação a S. Salvador da Serra.
- 1629: Adjudicação da obra de um caminho para o mosteiro.
- 1658: Conclusão da Chronica da Ordem dos Cónegos Regrantes da autoria de D. Nicolau de Santa Maria, prior do Mosteiro da Serra entre 1617 e 1650.
- 1672: Missa inaugural da igreja nova do Mosteiro da Serra, iniciada em 1669, por D. Acúrsio de Santo Agostinho. Inauguração da atual igreja do Mosteiro da Serra.
- 1678: Entrada da imagem da Senhora do Pilar na igreja do Mosteiro da Serra, passando aí a ser venerada e festejada a 15 de agosto de cada ano. Constitui-se, para tal, uma irmandade. Conclusão da nova igreja do mosteiro (a atual, de planta circular). No domingo de Páscoa desse ano, o então Prior D. Jerónimo da Conceição, colocou no altar-mor a imagem de Nossa Senhora do Pilar.
- 1690: O Prior D. Jerónimo de S. Tomé decide construir a atual capela-mor e o coro, levando ao desmantelamento e translado do claustro para o atual local, recebendo o mestre pedreiro Manuel do Couto 550 mil réis.
- 1692: Colocação do parapeito e platibanda do claustro. Conclusão das obras de transferência do claustro, tendo sido esta data registada na própria pedra do mesmo claustro.
- 1739: Fundação do Hospício do Senhor d' Além, por iniciativa de cinco frades carmelitas. Este estabelecimento funcionou até 1832.
- 1755: Conclusão das obras da sacristia.
- 1763: Utilização do edifício do Mosteiro da Serra do Pilar por unidades militares, nomeadamente do Regimento de Artilharia do Porto, extinto em 1829.
- 1809: Reconquista da cidade do Porto a partir da Serra do Pilar, onde as tropas anglo-lusas instalaram uma bateria de artilharia com 18 peças contra os invasores franceses. Em consequência das invasões francesas e das guerras liberais, o edifício passou a aquartelamento militar.
- 1832.1833: Destruição parcial do convento e da igreja durante o chamado "Cerco do Porto".
- 1832: Abandono de todo o convento pelos monges do convento da Serra do Pilar, ao saberem da chegada das tropas liberais. Este acontecimento marca a viragem, entre a ocupação eclesiástica e a ocupação militar da Serra do Pilar.Nomeação do Coronel José António da Silva Torres como comandante do reduto militar da Serra do Pilar. Combate decisivo para a vitória dos liberais. Apesar do ativo e violento ataque miguelista (que se prolongou durante 33 horas consecutivas), as tropas gaienses conseguiram suportar e repelir heróica e vigorosamente essa investida, tendo aguentado de forma estóica a luta corpo a corpo. Na sequência deste feito militar, D. Pedro, Duque de Bragança, atribuiu aos defensores da Serra o honroso epiteto de POLACOS DA SERRA, igualando-os em heroicidade aos filhos da Polónia que combateram as tropas russas, prussianas e austriacas, na altura em que o Czar Nicolau I invadiu a Polónia.
- 1834: Extinção do Hospício do Senhor d'Além, da Ordem dos Carmelitas. Nesta altura é vendido para nele funcionar uma fábrica de louça. Elevação da Serra do Pilar à categoria de Fortaleza Militar por Decreto da Rainha D. Maria II.
- 1835: Elevação da Serra do Pilar à categoria de Praça de Guerra de 1ª classe, por Decreto de D. Maria II, data a partir da qual passou a ser utilizada como Unidade Militar.
- 1844: Venda do Hospício do Senhor d'Além em hasta pública. Foram vários os seus proprietários/possuidores, nomeadamente: Justiniano César Osório, Nicolao Pollevi, Joaquim Fernandes de Araújo, António Rodrigues dos Santos, os irmãos Vieira Braga e os Vieira de Castro.
- 1859: Utilização do Hospício do Senhor d' Além como fábrica de moagem a vapor, descasque de arroz e padaria e fábrica de bolacha.
- 1866: Aproximadamente nesta data assiste-se à utilização do Hospício do Senhor d'Além como fábrica de louça pelos irmãos Vieira Braga. Em 1908 a fábrica passa a ser gerida pela firma Barbosa, Branco & Companhia. Mais tarde, foi alugada a José Pereira Valente Júnior, que tinha estado ligado à cerâmica de família, nas Devesas.
- 1877: Edificação da nova Capela do Senhor d' Além, no mesmo lugar da antiga ali existente. A festa em honra do Senhor d' Além realiza-se no penúltimo Domingo de Agosto.
- 1889: Instalação da Brigada de Artilharia de Montanha (criada em 1878) na Serra do Pilar, aí se mantendo até à sua extinção em 1897.
- 1910: Elevação à categoria de Monumento Nacional (MN, Dec. 16-06-1910, DG 136 de 23 Junho 1910 (Igreja e claustro), IIP, Dec. n° 25 034, DG 33 de 11 Fevereiro 1935 (sala do capítulo, refeitório, cozinha, torre e capela), ZEP, DG 137 de 16 Junho 1949; N.° IPA PTO11317160001).
- 1911: Instalação do RA6 [Regimento de Artilharia 6] (Montada) na Serra do Pilar.
- 1925: Constituição da Comissão dos Amigos do Mosteiro da Serra do Pilar.
- 1926: Passa a designar-se RA5 [Regimento de Artilharia 5]. Esta Unidade Militar herda o património histórico do RA4 (Porto) extinto em 1829, do Grupo de Artilharia de Montanha n.° 2 (Amarante - 1927) e do AL5 Montada (Penafiel - 1965), sendo ainda fiel depositário do RA4 (Porto - 1829).
- 1927: Inicio das obras de conservação, reabilitação e reconstrução do Mosteiro da Serra do Pilar.
- 1931: Reconstrução de várias dependências do mosteiro, nomeadamente na sala do Capítulo.
- 1939: Execução de uma abóbada, em betão armado, para a sacristia nova.
- 1943: Início das obras da capela-mor, com a transladação do altar-mor para um plano anterior.
- 1945: Realização de obras de reparação diversas, como pequenos consertos de caixilharia.
- 1947: Cedência, a título precário, do refeitório e sala anexa ao Regimento de Artilharia Pesada, n.° 2, para instalação de um pequeno museu; Cedência da capela pelo Comando do RAP n° 2 à DGEMN; algumas dependências do mosteiro passam a servir de armazém de altares e talha diversa, painéis de azulejos e outras peças retiradas das igrejas pela DGEMN.
- 1948.1949: Estudo dos graves problemas verificados na abóbada da igreja. Estes problemas traduziam-se em fendas extensas e mesmo numa abertura na cúpula, existentes há já alguns anos, e facilmente visualizados do interior da igreja.
- 1950: Enterramento no cemitério paroquial das ossadas encontradas no adro da igreja. Estudo das fendas das paredes da igreja, com substituição de pedras partidas e parcialmente destruídas.
- 1950.1951: Obras de consolidação da cúpula.
- 1951: Estudo da consolidação da escarpa norte do mosteiro que se encontrava parcialmente em desagregação.
- 1957: Reabertura da igreja ao culto. Obras de restauro da capela-mor. Conjuntamente com a da Torre dos Clérigos e da Sé do Porto, é elaborado o projeto de iluminação do Mosteiro da Serra do Pilar. Elaboração do projeto de consolidação da escarpa, com a colaboração do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
- 1976.1979: Conclusão da obra da cúpula, com a colocação de telhas argamassadas.
- 2004: Concurso de adjudicação para conservação da Igreja, claustro e espaços monásticos. Conservação e restauro de peças existentes em depósito.
Autores
editarA sua autoria é atribuída ao arquiteto espanhol Diogo de Castilho e ao arquiteto e escultor francês João de Ruão, tal como é referido por Susana Matos Abreu. Sendo esta dupla autoria um fator impulsionador da singularidade da arquitetura do mosteiro que é um exemplo único de convento com igreja e claustro de planta circular, devido às ideias inovadoras colocadas em prática enquanto se vivia numa época artística marcada pela admiração e seguimento da arquitetura clássica, onde a solução de um eixo da composição principal sustentado por uma sequência de espaços centrados (a igreja e o claustro) enquadrado por duas alas laterais, é inédita no país e constitui um modelo proveniente da arquitetura civil. Mais tarde, entre 1598-1599, dá-se a construção da nova igreja do mosteiro (a atual) sob a direção dos arquitetos e mestres de pedraria Filipe Tércio, Gonçalo Vaz e Gregório Lourenço. Em 1690, é registada a presença do mestre pedreiro Manuel do Couto para a construção da atual capela-mor e coro, sendo feita a passagem do claustro para o atual local.
Contexto histórico e contexto físico patrimonial de proximidade
editarExistem e existiram imóveis no contexto físico patrimonial na área envolvente do Mosteiro que marcaram e marcam estrategicamente a população e o próprio edifício, como por exemplo: a Ermida de Nicolau, a Capela do Senhor d´Além, o Hospício do Senhor d´Além, o Jardim do Morro, o aqueduto da Serra do Pilar, o Casino da Ponte, o Cais de Gaia, entre outros. É ainda de importante referência a relação do Mosteiro com o rio e com a outra margem, tendo uma relação com a Ponte das Barcas (1806-1843), Ponte D. Maria II (1843-1886), Ponte D. Maria Pia (1877) e Ponte D.Luís I (1886). Atualmente, este encontra-se inserido na área do centro histórico do Porto, classificada como Património Mundial pela UNESCO desde 1996, que acolhe arquiteturas como a Sé do Porto, o Palácio da Bolsa e a Igreja de São Francisco e entre muitas outras presentes na parte da cidade interior ao traçado da antiga muralha fernandina e também algumas áreas vizinhas. Assim sendo, a localização privilegiada do edifício coloca-o em contacto acrescido com património circundante.
Arquitetura
editarA falta de documentos primários devido a um incêndio na biblioteca aí existente, fez desaparecerem todas as informações relativas à conceção do espaço, desconhecendo-se por isso os registos originais do projeto e execução. A organização dos edifícios do mosteiro foi feita de acordo com a arquitetura monástica, seguindo os valores desta comunidade. No panorama da arquitetura contra-reformada, no qual se apresenta como um projeto sem paralelo, o Mosteiro é considerado «um dos mais notáveis edifícios da arquitetura clássica europeia de todos os tempos devido à sua igreja e ao seu claustro, ambos circulares e da mesma dimensão em planta» (GOMES, Paulo Varela, 2001, p.79). O Mosteiro de estilo maneirista é constituído por dois corpos que se articulam com a volumetria circular da igreja e do claustro, formando então os dois espaços um "infinito perfeito". Encontra-se a norte o corpo mais antigo – o dormitório, onde se localizavam também as celas e a sul situa-se o refeitório e a cozinha. Em 1598 o prior D. Acúrsio de Santo Agostinho considerou a igreja do mosteiro pequena, pelo que decidiu refazer a mesma, consagrando-a a Santo Agostinho, sendo esta nova igreja atribuída por alguns autores ao arquiteto Filipe Tércio. A planta circular da nova igreja relembra a igreja de Santa Maria Redonda de Roma e esta terá mantido o primeiro projeto uma vez que a planimetria empregue era não só desajustada ao gosto arquitetónico da época como "desadequada" às normas tridentinas então vigentes, limitando-se por isso a uma cópia da planta já existente.
A igreja
editarA entrada principal da igreja é marcada por quatro colunas jónicas assentes em pedestais, ladeando a porta, um portal de volta perfeita almofadado, ladeado por uma estrutura de cantaria com quatro colunas jónicas sobre soco. Do lado direito, em primeiro plano da ala sul, estão patentes as janelas da sacristia. O entablamento tem um nicho vazio encimado por um frontão com uma cruz ao meio. A fachada é dividida por pilastras, correspondentes aos pilares estruturais que dividem o corpo circular da igreja e enquadram os panos rebocados que abrem, a meio, janelas retangulares e mais abaixo destas pequenas janelas. A nível do último piso temos o entablamento e cornija que suportam um varandim de balaústres encimados por pináculos. O interior da igreja, por sua vez, é reforçado por oito pilares com a frente decorada por pilastras duplas. Nos espaços intermédios encontra-se a porta, o arco da capela-mor, seis altares e sete janelas em nível mais elevado. O arco triunfal é ladeado por imagens dos quatro evangelistas e encimada por imagem num trono apoiado no entablamento circundante. Nos altares laterais, em talha dourada, avultam colunas salomónicas cobertas com exuberante ornamentação de anjos, figuras bíblicas, aves e folhagens. Os púlpitos em talha dourada são encimados por duas figuras alegóricas a Fé e a Igreja. Do lado esquerdo encontra-se o primeiro altar do lado do Evangelho e do lado direito o primeiro altar do lado da Epistola. A capela-mor, retangular, tem teto em abóbada de berço dividida por caixotões ornados com cartelas. A iluminação é feita por três janelas laterais de cada lado a um nível mais elevado. Apresenta um retábulo neoclássico com revestimento lacado a branco-pérola e ouro, decorado com flores, urnas com ramalhetes e pontilhados. O sacrário com a forma de um templo romano é rematado por uma cúpula, bem ao estilo neoclássico, tendo o mesmo revestimento que o retábulo. A cúpula interior da igreja caracteriza-se através da cornija assente em modilhões onde se ergue a abobada hemisférica disposta em tabelas de cantaria em forma de almofadas ou de reboco intercalado com nervuras. Nesta cornija pode se ver um nicho com a imagem de São Salvador. Existe ainda uma cúpula no exterior, decorada com pináculos e no topo um cata-vento, com volutas a surgirem da interceção dos arcos com a base das colunas, entre a balaustrada e a cúpula encontra-se um terraço na forma deste corredor envolvente. Tanto a cúpula como o terraço reforçam o impacto visual e funcional da construção.
Claustro
editarO claustro, de planta circular, é único em Portugal e exibe uma grande riqueza ornamental, sendo um objeto arquitetónico desta construção que merece destaque. Devido à construção de um novo coro em 1690, o claustro anterior foi demolido e reconstruído no local onde agora se encontra, mantendo a forma circular do projeto inicial, porém inserido num quadrado regular. Este é constituído por uma galeria de um piso, coberta por uma abóboda circular de volta completa e apoia-se em trinta e seis colunas com capiteis jónicos e um friso decorado com pináculos e volutas, tendo em roda quatro capelas quinhentistas. No centro do claustro, encontra-se uma fonte com um tanque de forma octogonal, de onde a água para uma taça com quatro mascarões nas bordas.
Coro
editarO coro separa a igreja do claustro, tem uma forma quadrangular e na sua parte posterior virada para o claustro podemos ver um telhado de duas águas com uma cruz no topo e pináculos laterais.
Sala do Capítulo
editarA sala do capítulo é conhecida atualmente como a sala D. Afonso Henriques, também serviu de museu. Tem no seu interior atualmente a estátua de D. Afonso Henriques, de Soares dos Reis, que é a versão em gesso da de bronze do Castelo de Guimarães. É de abóbada semicircular dividida por caixotões, tem um arco retabular em cantaria amparado por colunas e encimado por um frontão.
A sacristia, o refeitório e a cozinha
editarA sacristia, o refeitório e a cozinha são dependências laterais viradas a sul, que ficaram muito danificadas durante o cerco do Porto. Foram recuperadas na década de quarenta. A cozinha com tem um formato quadrangular e tem do lado direito da entrada uma grande lareira e na parede em frente três janelas de grandes dimensões voltadas para o exterior. O refeitório que está ligado à cozinha por uma porta e corredor é também de grandes dimensões e está iluminado por cinco janelas. Do lado exterior existe um primeiro corpo com cinco janelas a nível de cada piso para lado poente e a sul com duas janelas ao nível de cada piso que correspondem à sacristia. Um segundo corpo virado a sul com cinco janelas a nível de cada piso que correspondem ao refeitório. O terceiro corpo com uma janela a nível de cada piso é o corredor de passagem para a cozinha que corresponde ao último corpo composto por três janelas a nível de cada piso. Todos os corpos apresentam ao nível do primeiro piso janelões emoldurados e divididos por pinázios e a nível do segundo piso janelas mais pequenas, mas com as mesmas características dos primeiros.
Dormitório
editarO dormitório é também um dos edifícios que permanece do projeto inicial, sendo uma dependência lateral virada a norte. Tem cinco corpos que se destacam através dos telhados de quatro águas intercalados ao longo do edifício principal que tem um telhado de duas águas.
Torre sineira e portaria
editarÀ esquerda da igreja é visível a torre sineira e a portaria. A torre sineira é um dos edifícios que restam da igreja primitiva. É uma construção de planta quadrangular onde se suspendem os sinos em oito arcos agrupados dois a dois, é rematada por 4 pináculos e está separada do corpo da igreja. A portaria tem um simples traçado, tem uma porta encimada por um frontão semicircular com uma cruz acima desta e duas janelas laterais pequenas. Ao nível do vão do telhado está uma outra janela, rematada no topo por uma cruz.